Entre ciclos e esperança


O fim de ano chega como quem não pede licença, atravessando portas, fechando cortinas de antigos palcos e abrindo janelas para o ar fresco do desconhecido. É tempo que se dobra, onde o tempo se faz de festa, de luzes dançando nos olhos e embrulhos de intenções. Mas há quem sinta, em meio ao colorido, a voz baixa da saudade ou o peso de silêncios não resolvidos. Essa travessia do calendário não é apenas celebração: é convite ao mergulho. Recordar o que foi, sentir o que ficou, reorganizar conquistas como quem arruma gavetas secretas e imagina novas estratégias para os desafios que ainda não têm nome. O resultado pouco importa, pois há em cada um um mistério de possibilidade: é possível crescer quando se vive intensamente, é possível vencer o próprio impossível quando se está inteiro no momento. Que o ciclo que desponta seja, então, um delicado sopro de esperança, onde cada dia renasça em descoberta e em vitória silenciosa.